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A dinâmica do cuidar de um idoso
O cuidador é a pessoa designada pela família para o cuidado do idoso, quando isto for requerido. Esta pessoa, geralmente leiga, assume funções para as quais, na grande maioria das vezes, não está preparada. É importante que a equipe tenha sensibilidade ao lidar com os cuidadores familiares, os grandes depositários das informações e orientações desta mesma equipe e o executor das atividades por ela propostas.
Cabe à equipe jamais se esquecer que esta pessoa não é um funcionário da saúde, não tendo, portanto, a obrigação de compreender as orientações dadas e ele também não é simplesmente um executor de ordens. Não é incomum que cada profissional da equipe dirija-se ao cuidador e lhe forneça uma série de orientações (geralmente em tom de ordem) de forma individual (enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista,etc) e espere que ele seja capaz, sozinho, de associá-las, decodificando-as e executando-as igualmente como faria o próprio profissional. A não-execução adequada de tais orientações geralmente é cobrada e em muitos casos as falhas são consideradas não-aderência terapêutica.
Esta é uma importante falha da equipe como um todo, que não está direcionando o olhar para a(s) pessoa(s) a quem assiste, mas para si mesma, uma vez que, ao simplesmente fornecer as informações, tem a sensação de dever cumprido. O processo de assistência a idosos, seus cuidadores e familiares é, a nosso ver, um ciclo freqüentemente retroalimentado, ao qual devemos estar permanentemente atentos.
Uma assistência adequada requer uma avaliação minuciosa. Muitas vezes, a presença do cuidador familiar durante a avaliação do idoso é imprescindível, pois este poderá complementar informações ou, muitas vezes, fornecê-las, caso o próprio idoso tenha dificuldade em fazê-lo.
A identificação de cuidadores também idosos, muitas vezes doentes, confusos, muito estressados ou ansiosos, deprimidos ou incapacitados para a função assistiva é mais comum do que se imagina e potencializa a necessidade de apropriação adequada de recursos assistenciais nesta área.
Para a realização de qualquer tipo de orientação, faz-se necessária inicialmente a adequada avaliação do idoso e a identificação de suas reais necessidades. Isto deve ser realizado pela coleta do histórico do mesmo, seguida de seu exame físico. Para o histórico deve ser disponibilizado um tempo e local adequados (no mínimo 30 minutos em local de pouca ou nenhuma circulação e/ou ruído externo) de forma que o idoso possa sentir-se à vontade para discorrer sobre a sua vida. Para o exame físico, deve-se providenciar um local adequado de forma a não expor o idoso desnecessariamente.
Tal avaliação deve ter por objetivo a identificação da presença de alterações fisiológicas e a verificação de anormalidades (que precisarão ser diagnosticadas).
O exame físico deve, portanto, ser meticuloso. Após a fase de coleta de dados e identificação de problemas, passa-se à fase de planejamento e implementação da assistência.
O planejamento do cuidado ao idoso deve basear-se na resposta a vários questionamentos e pesquisas, a partir das quais o responsável pelo cuidado ao idoso,
encontrará as ferramentas necessárias para o planejamento das ações assistidas direcionadas a ele, a seu cuidador e à sua família, de forma a garantir a manutenção da dignidade da pessoa assistida como um ser que está vivo, que necessita e merece ser respeitado, além de adequadamente assistido em suas necessidades.
Dr. Paulo M. Mesquita
Diretor do Residencial Longevittá
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